Os nossos amigos, a nossa forma de vida, a nossa roupa, a música… tudo isso são coisas que escolhemos. Mas a família… a família não, essa é-nos imposta à nascença.
Só que Nora decidiu romper com essa regra. E há algum tempo que guarda um segredo, um segredo tremendo, e chegou a altura de o revelar, o que vai fazer com que a mais sagrada instituição da sua vida vá ser abalada. A sua família. A sua santa família, que está quase a ir pelos ares! Mas se esta história nos ensina alguma coisa, é que às vezes são necessárias pequenas revoluções para que tudo volte a ser… como dantes!
Originalmente publicada em capítulos na revista basca de banda desenhada Xabiroi, Santa Família foi o primeiro argumento que a escritora e jornalista Eider Rodríguez concebeu para BD. Eider Rodríguez faz parte de uma nova geração de escritores que escrevem sobre temas contemporâneos em euskera, e que contribuíram para “refundar” a língua basca actual. Foi já por duas vezes vencedora do Prémio Euskadi de Literatura, e aventurou-se na banda desenhada com o ilustrador e pintor Julen Ribas com este Santa Família, album galardoado com o Prémio Euskadi de Literatura Infantil de 2018.
Uma história que questiona as ideias pré-concebidas e os costumes sociais contemporâneos, mas colocando em cena algumas personagens… fora do vulgar! Simultaneamente crítica de costumes e de expectativas, questiona também o conceito de família, “esse Estado, pequeno e acessível, com as suas regras e autoridades, os seus limites, costumes e folclore, os seus conflitos e tréguas, as suas religiões, constituições, história e projectos de futuro, e as suas injustiças e epopeias, ou seja, a sua própria história”, como nos diz a autora.
“Nesta história, colidem dois estados: de um lado, o da adolescência, do outro, o da maternidade e da paternidade. E a adolescência é uma doença, como todos sabemos. Um tempo de alienação. Basta olhar para os adolescentes: em casa deprimidos; a jogar jogos de vídeo, cheios de raiva; em concertos, possuídos… E aquelas malditas perguntas… quem sou eu, quem quero ser, para onde vou… Assim é Nora, a nossa protagonista, incapaz de escapar ao destino que o seu nome arrasta, já que em basco, Nora significa “Onde, em que lugar”. E esta Sagrada Família guarda um segredo, que está depositado em Nora, que, farta, decide revelá-lo ao pai e à mãe. E acontece então a explosão, o estrondo, a família aparentemente estável e indissolúvel vai ficar de pernas para o ar, perdida. Eles terão de se reinventar, cada um por si, a santíssima trindade de pai, mãe e filha quebrada, mas sem conseguir fugir dos limites do triângulo.
Porque é que alguém decide ser mãe ou pai? A resposta pode ser difícil, mas é ainda mais difícil responder a esta pergunta: porque é que alguém decide ser filho ou filha? Parece-me que ambas são perguntas que devem ser feitas. E que vale a pena tentar uma resposta. De qualquer forma, não pensem que esta história foi escrita com angústia. Enfrentámos a tarefa sem drama e supostamente com humor… terão de descobrir se conseguimos!”
fonte: A Seita